Press "Enter" to skip to content

A CRISE CONSTITUCIONAL E A ARTE DE SABER REINICIAR (1ª PARTE)

Na maior crise constitucional do Estado espanhol do século XXI, os inúmeros debates que por aqui se fazem ninguém conseguiu ou quer responder a uma simples questão: ao fim de tantas décadas porquê subsistem os intentos de separatismo?

Registo que as famosas tertúlias televisivas muito se prognosticam sobre o futuro de Espanha, com ou sem Catalunha. Todavia, o profundo e eloquente debate político está ausente das suas cabeças.

Como é óbvio a qualidade e a disponibilidade dos intervenientes conta muito!

No fundo há uma verdade feita pelo mau costume popular que diz: quanto mais polémica, com extremados pontos de vista, condimentados com insultos e berros melhor será para as audiências.

Discordo com tudo menos com a polémica. Tendo como horizonte a polémica, os meandros da controvérsia é que podemos responder com a dialéctica assertiva para dirimir o problema que temos.

É evidente que a arte de pensar com valor e audácia não é para todos!

Quero confidenciar algo que uma amiga me revelou. A minha queridíssina amiga F. apesar de ser muito sectária no que concerne às questões políticas, porém esteve a sorte de viver em Portugal e em Espanha, e de estar em contacto com as duas culturas. Revelou-me o seguinte: “o que está a acontecer com a Catalunha é reflexo da sociedade espanhola, que é temperamental perante o conflito”.

Não é por acaso que o uso de “palavrotas” em debates e intervenções públicas, inclusive entre políticos da primeira linha,mais que tolerada, é por incrível que pareça é bastante valorizada.

Esta crise constitucional que leva já demasiados anos, está agora numa efervecência, sem que haja uma solução duradoura à vista.

É claro que a génese do independentismo catalão não se resume à última década. Porém, em Espanha para tentarem descobrir o “tumor” desta crise, os espanholistas como são vulgarmente conhecidos os unionistas, apontam o actual estatuto autonómico como a causa para todos os males. Já os soberanistas catalães culpam a sentença do Tribunal Constitucional que derivou de um recurso do Partido popular que alterou profundamente a proposta do novo estatuto, que foi publicada em 28 de Junho de 2010, cerca de quatro anos depois de ter sido referendado.

 

Bruno Caldeira

Be First to Comment

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *