Em Novembro do ano passado mais de 40.000 extremenhos deslocaram-se à capital de Espanha, para protestar sobre as deploráveis infraestruturas ferroviárias que a Extremadura dispõe.
Sobre o lema e ao grito de “Tren Digno Ya”, que apesar de reconhecido este grave problema pela própria RENFE, que confirma esta comunidade autonóma tem a pior e a mais antiquada rede ferroviária de toda a Espanha.
Exemplos dessa discriminação não faltam. Os 400 quilometros que distam Madrid de Badajoz são percorridos em seis longas horas, e imagine-se movido a diesel. E a ligação entre Mérida e a capital da Andaluzia, Sevilha, é realizada em quatro horas para apenas 190 quilómetros.
Por sua vez, a ligação de AVE entre Madrid e Barcelona, ou seja os 505 quilómetros de distância são feitos em apenas duas horas e cinquenta minutos.
A expectativa da ligação entre Lisboa e Madrid por AVE despertou a esperança junto dos extremenhos, de finalmente virem a possuir uma infraestrutura ferroviária digna do Século XXI.
Todavia, a crise financeira que assolou os países do sul da Europa fez com que a execução desse projecto fosse inviável.
Pior, em Portugal, sem ser construido um único metro de linha AVE, num relatório de 2015 do Tribunal de Contas detectou que esta mera pretensão custou 153 milhões de euros aos cofres do Estado português.
A maior parte dessa despesa correspondeu à contratação externa de estudos e de serviços de consultadoria durante mais de uma década.
Além disso, os pedidos de indemnização dos consórcios privados que participaram nos concursos públicos ascenderam aos 200 milhões de euros.
O primeiro-ministro português, António Costa, numa recente entrevista ao diário ABC, retirou indirectamente mas de forma definitiva a esperança aos extremenhos de defrutarem a eficiência do AVE. O governo espanhol só via essa possibilidade com a ligação a Lisboa.
E Costa declarou “El AVE con España es un tema tabú en Portugal y lo será por mucho tiempo”.
A pesar de todos as promessas dos governos nacionais do Partido Popular e do PSOE, a implementação do AVE na Extremadura a ligar à rede ferroviária moderna de Espanha é apenas uma miragem.
E o actual ministro do fomento de Espanha, Iñigo de la Serna não fugiu ao que os seus antesucessores já disseram. Afirmou então: “ni un sólo metro del AVE Extremadura – Madrid se retrasará porque no haya presupuesto suficiente” e garantiu abrir o serviço a partir de 2019.
Será que desta vez o AVE a passar na Extremadura será uma realidade?
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