Press "Enter" to skip to content
A República e Independência é para os Portugueses um garante de soberania

REPÚBLICA E INDEPENDÊNCIA EM DISPUTA

Na sociedade e na vida política de Espanha, o simples mencionar de duas palavras: “República” e “Independência” tem o condão de disputar acesas guerras dialécticas. Em Portugal, República e Independência também estão em disputa.

Portugal ao contrário de Espanha, é um Estado-nação, ou seja, a base da constituição do Estado português foi feita por um só povo: o português.

Todavia, apesar dessa sua coesão que está expressa na língua, na cultura e dos seus valores sociológicos, há assuntos que também há divisão de opiniões.

No passado dia 5 de outubro celebrou-se o dia da implantação da República Portuguesa. E obviamente, foram feitas as devidas cerimónias oficiais.

Uma das mais emblemáticas se realiza na Câmara Municipal de Lisboa.

No dia 5 de Outubro de 1910, na varanda dos Paços do Concelho de Lisboa (actual edifício da sede da Câmara Municipal de Lisboa), José Relvas proclamava finalmente a República.

O fim da monarquia portuguesa deveu-se a variados factores: como a instabilidade dos governos constitucionais ou o regicídio de 1908 que vitimou o rei D. Carlos I e o príncipe herdeiro, Luís Filipe.

Todavia, o despontar da causa republicana deu-se com o Ultimatum Inglês, quando Portugal queria anexar os territórios entre Angola e Moçambique, que iam contra os interesses do Reino Unido, que ameaçou em declarar guerra ao seu velho aliado.

Essa pretensão portuguesa tinha o nome de “Mapa Cor de Rosa”, que entrava em colisão do grande projecto britânico de ligar o Cairo à Cidade do Cabo.

Esse acontecimento criou no povo português um sentimento de grande humilhação, que foi logo aproveitado pelos republicanos para hostilizar o regime monárquico.

Nesse sentido, a Portuguesa da autoria de Alfred kiel, o actual hino nacional, foi adoptado pelos republicanos desse tempo para ser o seu “estandarte” musical contra o regime.

Curiosidade, na letra da Portuguesa, onde agora se canta “contra os canhões marchar, marchar”, originalmente dizia “contra os bretões marchar, marchar”, em alusão ao Ultimatum Inglês.

Voltando ao presente. A causa monárquica também celebra o seu 5 de Outubro, não de 1910 mas o de 1143.

A 5 de Outubro de 1143, com a assinatura do Tratado de Zamora entre D. Afonso Henriques e o seu primo, D. Afonso VII, rei do Reino de Leão, os portugueses consideram esse acontecimento histórico como o dia da fundação de Portugal.

Todavia, o reconhecimento definitivo da independência de Portugal por parte da Igreja Católica, que tinha na Idade Média um poder político bem superior ao que tem actualmente, só foi dado em 1179 com a Bula Manifestis Probatum emitida pelo Papa Alexandre.   

O actual regime republicano opta por não celebrar oficialmente a independência de Portugal, e faz muito mal e não tem qualquer sentido essa discriminação de um dos momentos mais determinantes da História de Portugal.

De qualquer dos modos, no quotidiano da Estado-nação de Portugal, o entoação das palavras “República” e “Independência” coabitam quase na perfeição.

Portugal por ser constituído por um só povo, a base da sua formação enquanto nação não desperta qualquer tipo de sentimentos significativos que possam pôr em causa a sua estabilidade social.

Mas a constituição, ou a invenção da nação portuguesa que na prática foi impulsada por nobres galegos e já agora da Borgonha, tem por detrás a influência do carácter e de certa maneira da tolerância  dos outros povos que também marcaram presença neste território que agora se chama Portugal.

Ao contrário de certos grupescos nacionalistas que aproveitam em assinalar deste dia como o da raça portuguesa, que sem dúvida alguma é um termo absolutamente erróneo,  Portugal deve continuar a ser um espaço de tolerância e de desenvolvimento para todos que vivem este espaço da Península Ibérica.

Bruno Caldeira

 

 

 

 

Be First to Comment

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *