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um ano muito rebelde

2019: A PERSPECTIVA DE UM ANO REBELDE

O ano que findou deixou em aberto muitas interrogações sobre a resolução de alguns conflitos geopolíticos. E ao que parece estaremos em perspectiva de um ano rebelde.

A obstinação dos Britânicos em decidirem o seu BREXIT em 2016, poderá ter este ano o seu desfecho com ou sem acordo.

Aliás, o nervosísmo da classe política britânica é mais que notório.

Do lado da União Europeia, a dissimulação parece ser a sua arma principal.

Aparentemente estão em vantagem na disputa sobre o BREXIT, pois por agora dita as regras do jogo, ou pelo menos as aprova.

Infelizmente faz algum tempo que a União Europeia vem perdendo a sua influência no mundo, quer no seio da opinião pública dos seus Estados-membros.

O que é real e autêntico é o populismo tenha ganho cada vez mais importância na Europa, sendo em alguns países europeus decisivo para a constituição de governos.

O BREXIT é apenas o constatar da vísivel decandência do chamado projecto europeu.

Por outro lado, a guerra comercial entre a América de Trump e a China de Xi Jinping poderão dificultar ainda mais as perspectivas europeias de continuarem a crescer economicamente.

De facto, a actual China tende a ser mais ambiciosa no seu posicionamento geopolítico, enquanto os Estados Unidos contra a sua essência liberal e “atlantista”, quer agora com Trump experimentar um pouco do seu proteccionismo.

Podemos considerar este antagonismo entre as duas maiores potências económicas do mundo, como uma espécie de guerra fria económica do século XXI.

O caso da Huawei que tem vindo a ter um desenvolvimento estratégico e económico muito assinalável, conseguindo agora rivalizar com as outras grandes tecnológicas mundiais, é apenas um exemplo dessa acirrada rivalidade.

Interessante é o papel da Rússia. Perdeu o estatuto de superpotência (com o fim da União Soviética), mas com a liderança de Putin vem assumindo uma influência muito particular. Por vezes quase invisível mas com uma grande eficácia nos assuntos primordiais para o Kremlin.

Todos estes movimentos geopolíticos vêm a diminuir a importância das organizações supra-nacionais.

A União Europeia, a mais desenvolvida de todas as organizações supra-nacionais que existem no mundo, parece também não conseguir superar a sua grande crise de identidade.

Sim, não esqueçamos que a crise financeira que começou em 2008, e que atingiu fortemente os países do sul da Europa, teve como grande consequência e cujo efeito agora se sente e que se chama: desconfiança.

Actualmente a cidadania europeia tem muitas reservas sobre as cúpulas políticas da União Europeia, vem a dar razão para a veracidade desse efeito que contamina qualquer relação.

O BREXIT, os coletes amarelos em França e o renascer sem pudor do racismo e da extrema-direita na Alemanha, são exemplos claros dessa desconfiança, que no limite poderá a resultar num conflito que pode transbordar as suas fronteiras e estender a toda a Europa.

Uma última nota para a Venezuela e para a relevância das organizações supra-nacionais de carácter regional.

Tendo em consideração ao momento de grande crispação política e económica entre a América de Trump e a China de Xi Jinping, e em certo ponto com a Rússia de Putin, os desenvolvimentos da crise política e humanitária na Venezuela poderão ter consequências ainda mais nocivas que o actual status quo.

A resposta para a resolução deste dilema, ou pelo menos para apaziguar as hostes políticas radicalizadas, poderia ser dada por uma organização internacional credível e respeitada por todos.

Obviamente que essa organização deveria incluir todas as facções independentemente da sua ideologia, desde que respeitassem os seus príncipios fundamentais.

Os líderes da América latina muito erradamente, do ponto de vista da estabilidade política e social, preferiram criar organizações supra-estatais ao sabor dos seus interesses pessoais e dos seus partidos políticos.

O MERCOSUL que foi criado como suporte dos então governos de esquerda da América do Sul, foi contraposto com outras organizações da sua área de influência com é o caso da Aliança do Pacífico.

É deveras importante pensar de novo na formação, desenvolvimento e sustentação das organizações supra-nacionais de carácter regional.

E que seguramente têm dois grandes desafios pela frente:

O primeiro, a sua relação interna com os seus Estados-membros de forma a gerar confiança e o espírito de cooperação efectiva.

O segundo desafio é criar um verdadeiro carisma que permita o estabelecimento de relações diplomáticas duradouras e amistosas.

Apesar de todas as dificuldades da União Europeia, há concretizado em certa maneira os pressupostos do segundo desafio, que é afinal uma das suas grandes virtudes, talvez a mais importante.

É neste ponto que a América Latina deverá consciencializar-se de modo a implementar uma verdadeira comunidade de Estados, para promover o bem de todos.

Bruno Caldeira

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