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A correspondente da Televisão Espanhola em Portugal, Belén Lorente expressa o seu amor por Lisboa

Entrevista à Correspondente da Televisão Espanhola

A aragonesa Belén Lorente é a correspondente da televisão espanhola em Portugal. Ela nos contou um pouco sobre sua vida em Portugal e sobre as questões actuais da política e da sociedade portuguesa. E também houve tempo para declarar o seu amor por Lisboa.

Como surgiu a oportunidade de se tornar correspondente da Televisión Espanhola em Portugal?

Estou na Televisão Espanhola há 20 anos, fui apresentadora de notícias, chefe do noticiário e directora de um centro territorial, o de Aragão. Foi me oferecido a possibilidade de mudar e começar um novo projecto como correspondente da Televisão Espanhola. Queria dar o salto de Aragão para Lisboa, como experiência profissional e de trabalho, agora em funções de correspondente da televisão espanhola em Portugal. É uma oportunidade de conhecer outro país e de desafiar-me em outros aspectos.

Nos últimos anos, houve algumas mudanças na equipa de correspondentes da RTVE. Se considerarmos o correspondente internacional de um dos principais meios de comunicação como um serviço de missão. Em sua opinião, quantos anos são necessários para ter um conhecimento suficiente do país de sua missão?

Temos um convenio para correspondentes. E há um prazo máximo para ficar em um país.  Entendo que não se pode ficar uma vida inteira. Mas, na minha opinião, acho que se recomenda um mínimo de dois anos para conhecer um país. Primeiro deve-se adaptar ao novo país, conhecer o ambiente social e político, para depois explicar melhor uma notícia. E transferir o que está acontecendo com a memória histórica para ter as chaves do porquê ou pelo menos intuí-las.

Quais são as notícias que mais interessam aos espanhóis sobre Portugal?

Muito mais do que podemos pensar a priori porque temos muitos laços e interesses comuns. Não só política, mas também sociedade, cultura, deporto e a investigação. Trabalhamos com programas informativos que abrangem reportagens generalistas e específicas. Empreendedorismo, notícias relacionadas ao campo por exemplo, e que interessam a ambos os lados como países vizinhos. E não podemos esquecer o nosso canal internacional 24h onde todos os dias, salvo algumas excepções, temos contado notícias da pandemia, números, estados de emergência, etc.

Como é decidido que tipo de notícia a transmitir?

Nós os correspondentes propomos e são  os editores que decidem. Os editores também propõem temas que podem ser de interesse para um boletim informativo, de modo a  expandir para outros países. E é então que aparecemos falando sobre o mesmo assunto em diferentes partes do mundo.

A correspondente tem autonomia neste processo de tomada de decisão?

Somos os olhos e os ouvidos de cada país, e estamos aqui para atender às necessidades de informação, embora às vezes não tenhamos tantas coisas como gostaríamos porque os telejornais têm o seu próprio espaço e tempo.

Belén Lorente, a correspondente da Televisão Espanhola em Portugal, demonstra o seu encanto por Lisboa

Como sabemos, a forma de fazer política em Espanha e em Portugal é algo diferente. Incluindo o tipo de linguagem usada na argumentação política. Fico surpreendida?

Conhecia de antemão a política portuguesa e a sua solenidade. É um bom exemplo, claro.

Lisboa é a capital e o centro político de Portugal. As outras regiões de Portugal também são interessantes para a televisão espanhola?

“É uma pergunta muito difícil. Tudo!!! Já conhecia Lisboa, tinha estado há anos. Então eu gostei muito. Ela é uma anfitriã, acolhedora, cool, culta, fácil de comer, com um tempo maravilhoso, a melhor luz e sempre te surpreende”

Belén Lorente, correspondente em Portugal da Televisão Espanhola

Claro. Na verdade, viajamos sempre que podemos e não apenas por causa de incêndios ou de outros acontecimentos. Temos viajado de norte a sul e centro do país : época das vindimas no Alentejo, turismo no Algarve, indústria no Porto … e a colaboração dos projectos transfronteriços entre Espanha e Portugal, a nossa Raia.

O amor por Lisboa da correspondente da Televisão Espanhola

A capital portuguesa viveu um boom turístico nos últimos anos. Esse boom é bom para a cidade? É bom lembrar que, por exemplo, Barcelona está limitando a hospedagem turística.

Vamos a ver como serão as consequências da pandemia no turismo. Já existe uma nova mudança e não sei muito bem para onde vamos, quais serão os gostos e como consumir turismo. De facto, estão a ser desenvolvidos trabalhos de conversão dos alojamentos turísticos vagos em Lisboa em arrendamentos de longa duração.

O que mais o atraiu na cidade onde reside actualmente?

É uma pergunta muito difícil. Tudo!!! Já conhecia Lisboa, tinha estado há anos. Então eu gostei muito. Ela é uma anfitriã, acolhedora, cool, culta, fácil de comer, com um tempo maravilhoso, a melhor luz e sempre te surpreende. É uma cidade que gosta de ser admirada e percorrida apesar das suas calçadas escorregadias e das suas temidas encostas.

Saragoça – capital de Aragão

Como aragonesa, quais são as principais diferenças e semelhanças entre os portugueses e os aragoneses?

Acho que somos muito melhores do que pensamos de nós mesmos, certo? E que podemos nos orgulhar de ser solidários e olhar de cabeça erguida para o que sabemos fazer. Diferenças? Nós aragoneses pecamos por ser teimosos.

Na sua opinião, o que é necessário para dar mais visibilidade a Portugal em Aragão e vice-versa? Não esqueçamos que uma das personalidades mais emblemáticas da História de Portugal, a Rainha Santa Isabel, esposa do Rei D. Dinis e protagonista da lenda das rosas, era de origem aragonesa.

É verdade e agora estão a fazer um grande trabalho de recuperação e exumação no túmulo do Rei D. Dinis. Aragão já não está tão longe de Portugal. Lembro-me que está pendente uma ligação aérea entre Saragoça-Lisboa. E graças ao trabalho do Turismo de Aragón, estão a tentar chamar a atenção para atrair portugueses para a nossa terra. Lisboa gosta muito dos aragoneses, é que direi aos meus conterrâneos.

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