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Entrevista a Isabel Denascimento, Presidente da Associação das Mulheres Empreendedoras Europa-África

O Empoderamento das Mulheres Europa-África

Isabel Denascimento é a presidente da Associação Mulheres Empreendedoras Europa-África. Esta associação tem como um dos seus grandes objectivos ajudar no empoderamento das mulheres de Europa-África.

Isabel Denascimento justificou a mudança de sede de Bruxelas para Lisboa da Associação Mulheres Empreendedoras Europa-África, devido que “Portugal é central no eixo Europa – África, uma mais-valia para servir como elo de ligação entre as Mulheres desses dois continentes”.

A Associação Mulheres Empreendedoras Europa-África estava anteriormente sediada na Bélgica, e agora está sediada em Portugal. Porquê esta mudança?

Esta mudança foi devida à necessidade que a AMEEA teve de expandir os seus trabalhos.  Portugal é central no eixo Europa – África, uma mais-valia para servir como elo de ligação entre as Mulheres desses dois continentes. Esse triângulo eixo é estratégico, primeiro porque nos fortalece com a identidade de irmandade; segundo, porque a capacidade de Portugal em interagir com os países de língua portuguesa, a CPLP no seu conjunto, e em particular no continente africano, é inequívoca nas redes de cooperação entre as Mulheres Europeias e Africanas. E, assim, de fomentar práticas qualificadas de trabalho em rede  de profissionais e organizações do setor cultural, apoiando a aquisição de aptidões, competências e conhecimentos que concorram para facilitar o acesso mais generalizado às oportunidades profissionais e para promover a cooperação cultural nacional e transnacional.

A própria Isabel declara que “A mulher é versátil. Somos a força da natureza. Somos capazes de realizar coisas inimagináveis e de construir a nossa própria história. Por isso, a missão da AMEEA é ajudar o maior número de mulheres a acreditarem no seu potencial, nos seus sonhos e a torná-los realidade”. Na prática como se faz isso?

As mulheres sofreram uma injustiça histórica. As suas conquistas, as suas lutas diárias, sofreram um apagamento ao longo dos séculos. E a AMEEA vem justamente com a intenção de fazer essa correção. De valorizar, incentivar e fortalecer a liderança feminina. Acreditamos que a diversidade é o que nos leva à inovação e o empreendedorismo feminino é umas das ferramentas para um futuro mais inclusivo e revolucionário. Acreditamos que as nossas ferramentas podem ajudar as mulheres a empreender e estimular outras a fazer o mesmo. Temos organizado vários encontros temáticos onde convidamos mulheres inspiradoras que partilham histórias para inspirar outras Mulheres a não desistirem das suas realizações profissionais. A AMEEA tem, realizado palestras, formações, seminários, e mentoria de capacitação e treinamento apoiado as empreendedoras para as munir de ferramentas e conhecimento a várias Mulheres . Para que possam sair do anonimato  e poderem realizar os seus sonhos. 

A AMEEA pretende ser uma ponte entre as mulheres de África e da Europa. Que iniciativas estão sendo organizadas para concretizar essa ligação?

A AMEEA, para a criação de sinergias entre as Mulheres Europeias e Africanas, tem criado vários mecanismos como Programas Estratégicos de Cooperação que privilegiam a capacitação institucional nas áreas da proteção social, emprego, formação profissional e inclusão social, e o apoio a projetos promovendo a igualdade de acesso aos serviços básicos nos países parceiros. Destaca-se o apoio na implementação e reforço de parcerias de negócios em vários setores e ainda a cooperação das Mulheres dos dois continentes, em encontros dedicados à temática da inclusão e formação financeira.

Todavia, a realidade e o ecossistema de empreendedor das mulheres africanas é distinto das mulheres europeias. Quais são as principais diferenças por exemplo entre Portugal e a África Lusófona?

A situação comparativa ainda é muito diversa em relação aos ecossistemas em África e Europa. No entanto,  há uma  evolução  é muito  positiva  do  empreendedorismo  em África nos  últimos  anos,  evidenciada  em  estudos comparativos,  e, segundo a  avaliação  de vários analistas, o ecossistema em Africa tem crescido imenso por  vários  fatores: primeiro, porque a  crise  económica  predispõe  mais  pessoas  a  empreender  e arriscar; segundo, o aumento  significativo  da  qualidade  dos  licenciados,  mestrados  e doutorados  em  todas  as  áreas,  nomeadamente  nas  tecnologias  de informação,  comunicação  e  eletrónica,  como  resultado  do  significativo aumento  da  qualidade  do  ensino  universitário  nos  últimos  anos; terceiro, o desenvolvimento  e  a crescente  maturação  dos  vários  agentes  do ecossistema  empreendedor,  nomeadamente,  o capital de  risco,  empresas  de  grande  dimensão,  incubadoras  e  aceleradoras, associações  e  universidades e políticas  governamentais  favoráveis  ao  desenvolvimento  do empreendedorismo. E, por último, a execução  de  ações  estruturantes  para  o  financiamento  do ecossistema,  como  a  formação, o  financiamento alargado, e  a  crescente  abertura  e  procura  de financiamento  internacional, e a consolidação  de  empresas  tecnológicas Africanas que credibilizam  o  esforço  empreendedor  e  estimulam  outros  a  participar.

Em África existe algum país que se destaque no apoio à mulher empreendedora?

Começo por dizer que  Africa é um continente extenso e com uma enorme e significativa diversidade social.

Na minha opinião pessoal, o Quênia é o Pais que aposta muito no empreendedorismo feminino. A  maioria das empreendedoras  têm  um percurso invejável, encontram-se muitas mulheres na Liderança de grandes empresas.

O governo queniano acredita e apoia  no crecimento do  empreendedorismo feminino  como uma das formas de diminuir a taxa de desemprego. Os Investidores externos voltaram suas atenções para o empoderamento da mulher no País, e houve também a formação de investidores-anjos locais para viabilizar o início de novos negócios de Mulheres. Para estimular e atrair mais mulheres empreendedoras, o governo estabeleceu que deve haver um esforço concentrado e criterioso para que 30% dos concursos realizados sejam ganhas por negócios liderados por mulheres. Melhor dos mundos? Não, mas é um começo. Espero que futuramente outros Países Africanos possam seguir o exemplo do Quênia. Termino por sublinhar que o Ruanda também está a seguir a mesma política de apoiar mais as Mulheres Empreendedoras.

O empoderamento feminino que sido visto como um instrumento para valorizar o seu papel na sociedade. Qual é a sua opinião?

Eu começo por dizer que uma mulher empoderada é capaz de transformar a realidade.  Nós as Mulheres não acreditamos em todos aqueles que insistem em limitar as nossas capacidades e mesmo definir o nosso lugar no mundo. Empoderar é um meio para diminuir desigualdades que ainda existem nos campos da política e da economia no que diz respeito às mulheres.  Infelizmente, essa nem sempre é a realidade e muitas ainda encontram dificuldades das mais diversas para ocupar espaços e desenvolver o próprio potencial.   É muito importante garantir que o empoderamento feminino seja uma prática recorrente na sociedade, uma forma de promover a equidade de gênero e evitar que as futuras gerações ainda vivam num mundo de disparidades gritantes.  Para se ter uma ideia, as mulheres trabalham cerca de três horas a mais que os homens por semana, levando em conta trabalho remunerado, cuidado de pessoas e atividades domésticas. Ainda assim – e contando com um nível de educação mais alto – as Mulheres continuam a ganhar, em média, 76,5%, do rendimento dos homens. O avanço feminino é também uma forma de fortalecer a economia e buscar avanços fundamentais nas áreas de ciência e tecnologia, onde elas ainda contam com espaço limitado. A busca pela equidade deveria ser uma bandeira de todos. Não se trata de colocar as mulheres à frente dos homens ou vice-versa, mas de garantir que as Mulheres possam contar com as oportunidades necessárias para que atinjam espaços e posições antes inimagináveis na Sociedade.

O que ainda falta para equilibrar a oportunidades de trabalho e de promoção profissionais entre homens e mulheres?

A mudança depende da construção de uma nova consciência social, em que homens e mulheres tenham os mesmos direitos, deveres e oportunidades . É necessário um processo de aprendizagem social amplo para compreender que o perfil de liderança compete aos dois gêneros. O trabalhador ou candidato a emprego tem direito a igualdade de oportunidades e de tratamento no que se refere ao acesso ao emprego, à formação e promoção ou carreira profissionais e às condições de trabalho, não podendo ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão, nomeadamente, de ascendência, idade, sexo, orientação sexual, identidade de género, estado civil, situação familiar, situação económica, instrução, origem ou condição social, património genético, capacidade de trabalho reduzida, deficiência, doença crónica, nacionalidade, origem étnica ou raça, território de origem, língua, religião, convicções políticas ou ideológicas e filiação sindical, devendo o Estado de cada Pais  promover a igualdade de direitos.

Em pleno século 21, no mundo inteiro, apenas 9 em cada 100 mulheres chegam ao cargo de CEO. Nas empresas as mulheres ocupam 6% de todos os cargos executivos disponíveis. Mais do que preconceito, isso tem a ver com as escolhas feitas a partir da construção social dos gêneros e das experiências atribuídas a homens e mulheres desde a infância. Elas moldam o entendimento de vida e as aspirações de carreira de cada um. Educação: caminho para a mudança

Para mudar este cenário, é preciso promover uma mudança cultural na sociedade, que só é possível por meio da educação. “É preciso ir além das imagens sociais de ‘cuidadora’ e ‘provedor’, de ‘líder-herói’ ou ‘grande homem’. E também enfatizar o protagonismo de relação (mãe e pai) no desenvolvimento dos filhos”. Valorizar as mulheres pelos seus atributos profissionais.

Promover salários mais igualitários, mudar a cultura dentro de casa.

Termino com uma frase : P/ P – Pensamento Positivo.  O não consigo não pode existir no dicionário feminino nós as Mulheres somos eternas  imperatrizes.

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