Excelência Senhora Decana da Universidade Complutense de Madrid; Dra Isabel Durán Giménez
Excelência Senhor Vice-Decano de Cultura da Universidade Complutense de Madrid; Dr. Emílio Peral Veja
Excelência Senhora Directora do Departamento de Estudos Românica da Faculdade de Filologia, Francesa, Italiana e de Tradução da Universidade Complutense de Madrid; Sra. Barbara Fraticelli
Excelência Senhor Encarregado, de Negócios da Embaixada de Moçambique; Dr. Victor Velho
Excelência Senhor Ministro Conselheiro da Embaixada da Guine Bissau; Sr. Dr. José M’batche
Distintos Funcionários das Representações Diplomáticas, Presentes
Estimados Senhores Professores e Alunos da Universidade da Universidade Complutense de Madrid;
Queridos Convidados
Minhas Senhoras e Meus Senhores.
Para nos Embaixada da República de Angola aqui no Reino de Espanha é sempre uma honra e prazer participar e estar aqui juntos nesta tarde dessa quarta-feira, aos Sabores e Sons do Português, para que juntos mergulharmos na riqueza e diversidade Cultural da nossa querida e rica África.
Reafirmamos em congratulamos pela oportunidade e um muito particular poder passar há estes jovens estudantes aqui presentes, alunos do Curso de Licenciatura em Português, cujo mesmo teve início no mês de Setembro de 2022, ministrado pelo. Departamento de Estudos Românica, da Faculdade de Filologia Francesa, Italiana e de Tradução da Universidade Complutense de Madrid, que pela primeira vez numa universidade espanhola e em particular em Madrid, leciona um curso totalmente em língua portuguesa e que o mesmo estende -se para os estudos e aprofundamento da cultura africana incluído a minha Angola.

Excelências e Queridos Alunos
Angola na sua diversidade cultural como a grande maioria dos países independentes de África somos um estado multi e transcultural. Um país que abriga em seu território diversas culturas, com línguas, costumes e origens diferentes.
Perfeito, há exemplo disso são os extremos norte e sul.
A norte, temos Cabinda, hoje um enclave de Angola entre o Congo-Kinshasa e o Congo-Brazzaville, e antigamente conhecida como Congo Português. Sua população é da etnia Kongo, que utiliza uma língua do mesmo nome. Os Kongo estão presentes ainda na região litoral dos dois Congos e nas províncias angolanas de Uíge e Zaire.
No sul de Angola, em diversos bolsões estão os povos khoisan (ou coissã), que formam um grupo à parte dos povos bantu e do restante dos povos africanos. Seu nome é a junção do nome de dois grupos, os Khoi e os San, conhecidos também como bosquímanos ou hotentotes. Acredita-se que os khoisan sejam descendentes dos povos nômades que habitavam a África há milhares de anos atrás, e foram deslocados com a ocupação bantu. As línguas khoisan são únicas, conhecidas como “línguas do clique”, caracterizada por diversos sons inexistentes em outros idiomas, e que tem o som característico de um clique.
Além do português, língua oficial de angola, possuímos outros 42 idiomas regionais. Somos uma exceção dentro do continente africano, pois a língua europeia vem conquistando cada vez mais espaço no meio cotidiano em detrimento das línguas nacionais, o oposto do que ocorre no restante do continente.
No nível das artes na literatura, o nome de Agostinho Neto é tradicionalmente citado como exemplo, mas Angola produziu outros importantes escritores, entre eles Pepetela, Luandino Vieira e Viriato da Cruz. A União dos Escritores Angolanos foi um importante grupo entre os anos 70 e 80, ajudando vários autores novos a editarem seus livros.
A música angolana foi importante na composição de vários ritmos em Cuba e no sudeste do Brasil. Dentro do continente africano, porém, demorou a ser editada em discos, destacando-se os artistas dos anos 60 e 70, que desenvolveram a semba, a rumba congolesa e o merengue angolano, utilizando guitarras elétricas e uma percussão intensa.
Na religião, a santeria cubana e a macumba brasileira são em boa parte baseados nas crenças tradicionais religiosas de povos angolanos.
Com essa vasta diversidade cultural, recordamos a todos que no próximo dia 21 de Maio, iremos comemorar o Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento, uma data proclamada pela Assembleia Geral da ONU em 2002, na sequência de uma iniciativa da UNESCO, que nos lembra a todos sobre as vantagens do multiculturalismo, da tolerância, da aceitação da convivência na diversidade, entre outros factores.
ONU, “a data visa cultivar a compreensão da riqueza e importância da diversidade cultural, assim como incentivar o respeito pelo outro. Conhecer melhor as diferenças entre os povos permite obter uma maior compreensão das vicissitudes, assim como cimentar uma maior união”.
A diversidade cultural não deve levar os povos africanos a encontrar, nestas variáveis, razões para conflitualidade, para a marginalização, para a promoção dos complexos de superioridade e/ou de inferioridade, bem como a eventual confrontação violenta.
A música angolana foi importante na composição de vários ritmos em Cuba e no sudeste do Brasil. Dentro do continente africano, porém, demorou a ser editada em discos, destacando-se os artistas dos anos 60 e 70, que desenvolveram a semba, a rumba congolesa e o merengue angolano, utilizando guitarras elétricas e uma percussão intensa
Marlene Gomes, Adida de Imprensa da Embaixada de Angola em Espanha
Para Angola, o Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento constitui uma oportuna circunstância para a reflexão, para a tomada de medidas e acções concretas que envolvam as instituições do Estado, os parceiros e as pessoas individualmente.
Somos um país com um mosaico cultural vasto e rico, de Cabinda ao Cunene, e que importa que nos empenhemos para a sua preservação e aproveitamento para que sejamos capazes de fazer jus ao slogan “um só povo, uma só nação”, independentemente da nossa diversidade.
Em Angola, estamos todos condenados a cimentar uma maior união, promover a tolerância, fortalecer a fraternidade e a empenharmo-nos todos os dias pela reconciliação e unidade nacional.

Excelências e Queridos Alunos
Para concluir no passado dia 29 de Março do ano em curso, foi lançado o Acervo Cultural Digital e-Zomba, em parceria entre o Ministério da Cultura e Turismo de Angola e a Fundação Arte e Cultura (FAC), com vista a promoção e disponibilização da cultura angolana a nível nacional e global, o evento foi realizado nas instalações da Fundação Arte e Cultura, em Luanda, capital de Angola.
Na Plataforma e-Zomba será possível encontrar diferentes colecções musicais de todas as épocas, colecções de arte, registos de danças folclóricas de todos os tipos que caracterizam Angola, registos de peças teatrais e espetáculos de teatro.
“Preservação do passado, acessibilidade no presente e promoção da pesquisa no futuro” é o desígnio do e-Zomba, um projecto adaptado à tecnologia avançada aonde será exposta a cultura angolana a todo o mundo, como tornar as culturas ancestrais e novas acessíveis ao público em geral.
Para o Ministro da Cultura, Filipe Silvino de Pina Zau, classifica esta iniciativa … “projecto desenvolvido pela Fundação Arte e Cultura, interage com aspectos da nossa cultura, com o resgate dos nossos valores. Esta sempre foi uma preocupação que tivemos, pois quando falamos em resgate falamos em identidade. Estamos a preservar algo no sentido de pertença cultural de um país que é multicultural, contudo é na diversidade que vamos encontrar aprendizagem para a nossa unidade, respeito entre tradição e modernidade e, respeito entre ancestralidade e visão futura”
Termino deixando aqui a informação de que a cultura material é uma dimensão antropológica, que congrega essencialmente cinco elementos importantes para a vida do homem como ser biopsicossocial,
- Costumes alimentares do homem;
- Vestuário e adorno pessoal;
- Ambiente natural envolvente;
- Ferramentas, armas e máquinas;
- Cerâmica têxtil e metalúrgica.
A riqueza cultural de Angola manifesta-se em diferentes áreas. No artesanato, destaca-se a variedade de materiais utilizados. Através de estatuetas em madeira, instrumentos musicais, máscaras para danças rituais, objectos de uso comum, ricamente ornamentados, pinturas a óleo e areia, é comprovada a qualidade artística angolana, patente em museus, galerias de arte e feiras. Associado às festas tradicionais promovidas por etnias locais está também um grande valor cultural. A presença constante da dança no quotidiano é produto de um contexto cultural apelativo para a interiorização de estruturas rítmicas desde cedo. Iniciando-se pelo estreito contacto da criança com os movimentos da mãe (às costas da qual é transportada), esta ligação é fortalecida através da participação dos jovens nas diferentes celebrações sociais (os jovens são os que mais se envolvem), onde a dança se revela determinante enquanto factor de integração e preservação da identidade e do sentimento comunitário. Destacando algumas festas típicas em Angola:

Festas do Mar – estas festas tradicionais designadas por “Festas do Mar”, têm lugar na cidade do Namibe. Estas festas provêm de antiga tradição com carácter cultural, recreativo e desportivo. Realizam-se na época de verão e é habitual terem exposições de produtos relacionados com a agricultura, pescas, construção civil, petróleos e agropecuária;
b) Carnaval – o desfile principal realiza-se na avenida da marginal de Luanda. Vários corsos carnavalescos e corsos alegóricos desfilam numa das principais avenidas de Luanda e de Benguela;
c) Festa da Nossa Senhora da Muxima – o santuário da Muxima está localizado no Município da Kissama, Província de Luanda e durante todo o ano recebe milhares de fiéis. É uma festa muito popular que se realiza todos os anos e que inevitavelmente atrai inúmeros turistas, pelas suas características religiosas.
A cultura angolana é por um lado tributária das etnias que se constituíram no país há séculos – principalmente os ovimbundos, ambundos, congos, chócues e ovambos. Por outro lado, Portugal esteve presente na região de Luanda e mais tarde também em Benguela a partir dos séculos XVI, ocupando o território correspondente à Angola de hoje durante o século XIX e mantendo o controle da região até 1975.
Esta presença redundou em fortes influências culturais, a começar pela introdução da língua portuguesa e do cristianismo. Esta influência nota-se particularmente nas cidades onde hoje vive mais de metade da população. No lento processo de formação uma sociedade abrangente e coesa em Angola, que continua até hoje, registam-se por tudo isto elementos culturais muito diversos, em constelações que variam de região para região.
O continente africano é considerado como o berço da humanidade.
MUCHAS GRACIAS A TODOS
MUITO OBRIGADA A TODOS
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