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Câmara de Negócio de Angola para Espanha

Abdou Sachiepo é um jovem empreendedor angolano, que no passado mês de Janeiro lançou a Câmara de Negócio de Indústria Angola e Espanha (CNIAE). Esta câmara de comércio bilateral tem como objetivo de aproximar os empresários e os investidores de Angola e de Espanha.

Todavia, o actual presidente da CNIAE admite ultrapassar o limite geográfico de Angola e Espanha em termos de cooperação estratégica “É importante destacar que a CNIAE não se limita a cooperar com empresas espanholas e angolanas, a nossa Câmara, está disponível para trabalhar com instituições e organizações de outras regiões que queiram contribuir para o desenvolvimento da economia angolana e espanhola. Atualmente temos instituições de outros países a cooperar connosco e elas demonstram satisfação nos resultados obtidos”.

A Câmara de Negócio e Indústria Angola e Espanha (CNIAE) foi apresentada no passado mês de Janeiro em Toledo (Espanha). Quais foram os motivos para a criação desta Câmara de Negócios?

Antes demais, agradeço à Raia Diplomática pela oportunidade apresentada a CNIAE para realizar esta entrevista.

A CNIAE foi criada diante da realidade que um colectivo de empresários angolanos e espanhóis identificaram de aproximar cada vez mais os investidores e a classe empresarial destes dois países, por meio de um canal de facilitação privado que responda que intervenha diante de entidades públicas e privadas.

Assumiu a 1ª Presidencia da CNIAE. Quais são os principais objectivos para o seu mandato de 5 anos?

Assumir a liderança de uma organização bilateral que aborde negócios de dois grandes pilares da economia Europeia e Africana é uma responsabilidade muito elevada, e definir a visão para o 1º ciclo de actividades não foi uma tarefa fácil. Entretanto, o grupo eleito definiu uma visão clara e objectiva baseada em três pilares, mapear as oportunidades e potencialidades dos dois países, divulgar os resultados obtidos e fornecer o suporte para que se realizem o máximo de acordos e negócios sustentáveis entre estes dois grandes gigantes económicos.

Pretendemos que as nossas acções estejam alinhadas a uma governação corporativa moderna e inclusiva.

Como a CNIAE pode ajudar as empresas espanholas em Angola, e as empresas angolanas em Espanha?

É um questão muito interessante, existem diversas forma de fornecer o suporte para estas empresas e demais instituições que queiram contribuir para o desenvolvimento de Angola e Espanha. Entretanto, o nosso modus operandi consiste em convidar as instituições interessadas em fazer negócios com os dois mercados a serem auscultadas, para que saibamos sobre as suas dificuldades e soluções pretendidas.

Neste sentido, a CNIAE usará as suas plataformas de comunicação e divulgação para conectar os investidores às oportunidades existentes de acordo aos seus sectores de actuação.

Estamos as criar as condições para que o suporte seja prático e abrangente a formações e preparação das empresas para que aproveitem as oportunidades de financiamento disponíveis nos dois mercados.

Muitas empresas espanholas têm uma forte ligação a Portugal (fazem parte do mesmo espaço geográfico, a Península Ibérica, e estão juntos na União Europeia), onde inclusivemente há um mercado ibérico da electricidade (MIBEL). Como pretende a sua organização colaborar com outras instituições e organizações?

A relação económica e empresarial entre Angola e Portugal é histórica, tal como outros países, e ao longo das décadas trouxe grandes benefícios para os ambos, e acreditamos que o facto de Espanha ter uma relação saudável com o mercado português e instituições da região, servirão de impulsionamento para que a CNIAE aprenda a posicionar-se rapidamente e de forma assertiva no mercado Europeu.

É importante destacar que a CNIAE não se limita a cooperar com empresas espanholas e angolanas, a nossa Câmara, está disponível para trabalhar com instituições e organizações de outras regiões que queiram contribuir para o desenvolvimento da economia angolana e espanhola. Atualmente temos instituições de outros países a cooperar conosco e elas demonstram satisfação nos resultados obtidos.

Quais são as principais potencialidades económicas que Angola oferece aos empresários estrangeiros?

(Risos) Angola por si é uma potencialidade com recursos inesgotáveis e muito valiosos que vão desde a população jovem e trabalhadora, a cultura e até os diversos recursos minerais, hídricos e florestais. O país tem um litoral muito rico e pouco explorado, no passado foi o destino das maiores embarcações pesqueiras espanholas.

A nossa economia é actualmente suportada pelo segmento petrolífero, mas existem outras potencialidades mineiras pouco explorada como o diamante, ouro, cobre, litium e tantos outros recursos que desconheço, mas convido os especialistas a visitarem para nos informarem sobre eles.

É importante realçar que Angola encontra-se numa fase da indústria nascente e o governo tem como politica prioritária diversificar a economia por meio do investimento directo estrangeiro e a capacitação do empresariado nacional, potencializando diversos sectores como a agricultura, pesca, turismo e a industrialização.

Atrevo-me a dizer que, neste momento, Angola é o porto de oportunidade de África, e diante dos recentes acontecimentos globais como crises financeiras, guerras, pandemia e as mudanças climáticas o mundo tem apostado cada vez mais na expansão das suas fronteiras comerciais, e sem dúvida que ter Angola como parceira é uma estratégia com benefícios de curto, médio e longo prazo para “os acontecimentos futuros”.

Como costumo dizer: Angola é a nova China, então vamos aproveitar porque sabemos que as próximas décadas serão de crescimentos e prosperidade.

Angola por si é uma potencialidade com recursos inesgotáveis e muito valiosos que vão desde a população jovem e trabalhadora, a cultura e até os diversos recursos minerais, hídricos e florestais. O país tem um litoral muito rico e pouco explorado

Abdou Sachiepo

Por outro lado, como a CNIAE pode ajudar a promover a imagem de Angola em Espanha?

A CNIAE assumiu um grande desafio de promover as potencialidades e oportunidades de uma país como Angola num mercado tão competitivo e informado como é o Reino de Espanha, entretanto temos cooperado com a Embaixada de Angola em Espanha, e pretendemos cooperar de igual modo com a Embaixada do Reino de Espanha em Angola, pois é necessário que as soluções que a Câmara e os seus parceiros venham apresentar estejam dentro dos padrões exigidos pelos dois países.

Devo admitir que o peso desta responsabilidade ficou extremamente aliviado após a visita do Sua Majestade o Rei de Espanha à Angola, durante o primeiro trimestre deste Ano. Ouvirmos na primeira pessoa, de Sua Majestade, que as portas de Espanha estão abertas para o empresariado angolano foi uma alavanca para a nossa vontade de levar o bom nome de Angola pelo mundo.

Angola é um dos principais países de África. Como é a sua relação económica com os seus vizinhos, e como isso pode ajudar aos investidores estrangeiros?

Falar dos países vizinhos, sem sombra de dúvida é um motivo de orgulho para qualquer empresário nacional, pois demonstra o qual abençoado é o país, que até nas suas limitações territoriais conta com bons parceiros e um bom mercado comercial.

As relações comerciais são muito boas e existe imensa facilidade de transporte de pessoas e bens entre os países fronteiriços, sem contar se que associarmos a população de Angola aos países vizinhos teremos um mercado com mais de 147 milhões de habitantes. Acredito que é uma boa oportunidade para qualquer investidor nacional ou estrangeiro disruptivo e que não tenha medo de trabalhar.

A Zona Livre de Comércio de África é um ambicioso projecto para unificar em termos económicos o continente africano. O que pensa os empresários angolanos sobre este acordo comercial continental?

Esta é uma oportunidade de ouro para o comércio não só de África como da Europa, somos continentes vizinhos e partilhamos de uma história de produção, logo ao afunilarmos os canais comerciais e criarmos padrões estaríamos a criar mercados com imensuráveis resultados.

Os empresários angolanos estão divididos em duas escolas de pensamento, os pessimistas acreditam que poderão perder o poder de negociação e a capacidade comercial no território devido a competividade de mercado livres de economias mais desenvolvidas e industrializadas a nível do continente. Por outro lado, os optimistas acreditam que é uma oportunidade única Angola tem disponível mais de 2 500 produtos, entre eles commodities como o café, e seria uma excelente oportunidade para alavancar o sector empresarial privado, sem contar que seria uma excelente oportunidade de aumentar as reservas internacionais liquidas do país.

A divisão entre estas escolas de pensamento também se encontra presente na Câmara, e nós aceitámo-las todos. Neste sentido, a minha visão para o sucesso desta unificação não está apenas nas transações económicas, como também nas transações de capacitação técnica e conhecimentos diversos e a arbitragem internacional entre os membros deste colectivo.

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